comportamento


Eu não entendo a nova onda etimológica que nos acomete.

Eu, lá pelos meus 12 ou 13 anos descobri a etimologia prática de algumas palavras, através das aulas de escola dominical de um presbítero pai de um grande amigo meu. “Compromisso “, por exemplo, se separa em “comprar-missão”, literalmente pagar pra ver.

Um dos termos que “etimologizei” durante minha adolescência foi a palavra “preconceito”. Mas é claro! “Pré” e “Conceito”, ou seja, conceito formado antes! Que descoberta! Pré-Conceito! Desde então me culpo pela tal onda etimológica. Tá certo que usar a versão etimologizada de certa forma já explica a origem do termo, mas estão abusando!

Milhares de blogueiros, estudantes e até jornalistas estão usando o termo “pré-conceito” em vez de “preconceito”. Pior ainda é a versão falada disso. Minha nossa! Salvem as palavras que já existem!

Já entendo porque o amigo meu já citado antes me ridicularizou quando usei sem pensar a versão etimologizada de preconceito dizendo: “Virou baiano, é?”

Atualização: vejo algo parecido acontecendo com a palavra “problema”. Até em programas de televisão vejo pessoas usando “pobrema” como gíria. Não tenho nem idéia do que quer dizer essa gíria, mas no cotidiano e na tv já aderiram!

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Eu tenho lutado. Eu luto, luto, mas minha cabeça já está acostumada com a hipocrisia. É claro que estou falando da hipocrisia que vejo nos outros e não da minha, o que já constitui uma hipocrisia em si.

Quantos policiais já usaram do sua permissão para matar quando o acusado (nem sempre o culpado) já estava algemado? Quantas vezes o assassino da criança indefesa se tornou vítima de outros assassinos, estes antes cidadãos comuns até o momento do linchamento? E quantos de nós, em suas mentes já fizeram isso?

“Bandido tem mesmo é que morrer!” Nós temos a coragem de nos auto-entitularmos juizes e se houver a oportunidade, executores, mas não sabemos como falar do mover de Deus em nossas vidas.

Essa é a hipocrisia humana. Eu a vivo. Eu respiro isso. Mas eu sei que há esperança. E mesmo que o leitor já tenha pensado nisso, eu preciso dizer qual é: humildade.

Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
Lucas 18:10-14

O fariseu se julgou e achou em vantagem. O publicano deixou Deus julgá-lo e se achou em grande pecado.

Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
Mateus 7:1-5

Nós temos sido hipócritas o tempo todo. O esforço maior nós o fazemos: esconder nossas “pequenas imperfeições” debaixo do tapete.

Para sermos humildes, precisamos de uma outra pequena grandiosa qualidade: franqueza.

Que nós obedeçamos a Deus, admitamos nossas falhas abertamente e procuremos sair da nossa própria órbita.

Estou escrevendo de uma LAN House ao lado de uma igreja Assembléia de Deus. Passo sempre na frente dessa congregação e hoje pensei: “Porque parece tão diferente?”

Claro que a resposta é que eu sou presbiteriano e cultuo a Deus de uma forma diferente. Mas parece muito diferente, não parece que estamos juntos seguindo para o céu.

Hoje também teve uma programação muito massa da nossa FEMOTAN (Federação de Mocidades de Taguatinga Norte), em que várias igrejas da minha região se reuniram no colégio Mackenzie aqui de Brasília e ouvimos a “pregação” do Pastor Geraldão, ou só Rev, como o chamamos(ainda vou falar bem mais sobre ele aqui).

Lá parecia tudo tão sintonizado, ele fala nossa língua e o povo parece ser o povo de Deus. Mas quando vejo uma igreja um pouco diferente, mais barulhenta ou mais restritiva, não existe aquela identificação.

Temos que nos vigiarmos porque o amor que estamos ouvindo no púlpito com certeza inclui o amor àqueles com culturas/costumes diferentes. O que você é numa igreja diferente? Um amoroso servo de Deus ou um juíz tentando encontrar falhas nos outros? Eu tenho dificuldade em responder.

Porque não falar a verdade o tempo todo?
Porque não ser sincero com todo mundo?
Porque pegar o dinheiro caído no chão?
E se eu escolher não contar a “mentirinha”?
E se eu escolher dizer que é contra meus valores em vez de aceitar?
E se eu escolher deixar a nota de 50 reais lá onde achei?

Talvez eu seja o bobo, o bestão, o ingênuo, o burro. Talvez eu só diga que sou. Talvez eu só finja que sou.
Se é só isso que precisa ser, pra agradar a Deus ou pelo menos ser diferente, eu sou.

E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.(Mt. 18:3)

Às vezes (Quase sempre) a gente pensa que a nossa vida é centrada na gente mesmo…

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Ontem indo pra faculdade escuto um outro passageiro: “Você não pode ser bom demais com as pessoas, senão você se dá mal.” Já tinha ouvido isso várias vezes, e isso sempre me intrigou.

Imagine a cena: uma pessoa se dispõe a ajudar outra e acaba perdendo centenas de reais nessa empreitada. Ela se decepciona porque a outra pessoa correspondeu diferente do que ela esperava, então ela decide ser “menos bom”, ajudar só pela metade a partir de agora. Isso tem sentido pra vocês?

Eu entendo que ninguém quer ser lesado de graça, sem que haja nenhuma consequência positiva para si mesmo ou para a pessoa ajudada. Mas quando você se propõe a ser bom, não se pode ser meio bom. Não tem como. Ou se tenta ser mal pra justificar a maldade dos outros, ou se é bom por completo.

Este conceito ocidental de mal-bem é ainda mais confuso que o conceito oriental de yin-yang aplicado ao comportamento humano. O pensamento ocidental comum pode ser exemplificado assim:

A parte totalmente vermelha à esquerda é a maldade, a parte totalmente verde à direita é a bondade e o meio é um meio termo entre as duas. A maioria das pessoas quer ficar próximo da linha branca da direita, que seria o “não ser bom demais”. Só que não é isso que Deus quer de nós.

Quando um homem tentou se aproximar de Jesus enquanto ele estava na Judéia, e o chamou de “Bom Mestre”, ele disse que ninguém é bom senão Deus. Então, quando pensamos que estamos sendo bons, ainda estamos na verdade muito longe disso. E se mesmo assim acharmos que estamos no ponto mais alto da bondade quando ajudamos alguém por vontade própria, temos que lembrar da Vingança da Outra Face.

A gente não faz nada importante ainda acha que tá fazendo muito! Cruze a linha branca (para a direita)!

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José Datrino, ou o Profeta Gentileza, era um andarilho que se vestia com roupas de uns 2000 anos atrás e percorria as cidades do Rio de Janeiro tentando mostrar o verdadeiro sentido das palavras gentileza e agradecido. Ele começou isso tudo quando decidiu socorrer as vítimas de um incêndio e consolar os familiares delas. Após uma reviravolta em seu modo de viver ele começou sua peregrinação. Veio a falecer em 1996, aos 79 anos.
Quando diziam que ele era louco, ele respondia: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“. E sua frase característica era: “Gentileza gera gentileza”.

Sem discutir o que levou Datrino a viver assim, eu sinto a mais pura vergonha ao olhar pra vida dele. O quanto temos levado a sério a nossa busca pela prática da verdade contina nas Escrituras? Será que uma pessoa que não pregava o evangelho vai dar um show de cristianismo nesses caras (como eu) que deviam estar por aí pregando o Amor de Deus pelo mundo?
Gentileza fez o que nós realmente não fazemos. Não precisa sair por aí vestido com uma toga, isso não tem uma influência real sobre as pessoas.

O mundo precisa de pessoas gentis, não precisa ser cristão pra ser gentil. Isso é o mínimo. Essa minha revolta apareceu porque ontem no metrô e em várias outras ocasiões já vi que as pessoas não estão dispostas a dar seu lugar. Uma mulher grávida ficou a viagem toda em pé simplesmente porque os lugares para gestantes tavam todos ocupados. Pessoas levantavam, pessoas sentavam e ninguém nem a via. O pior mesmo é que eu fiquei observando e não consegui fazer nada quanto a isso. Não sou diferente daquelas pessoas, simplesmente segui a minha vida normalmente, como eles fizeram. Fiquei o tempo todo preocupado, mas não fiz nada.
São comuns também as “100m com empurrões” que são promovidos a cada abertura de porta do metrô. As pessoas parecem que estão brincando de “dança da cadeira”. Correm mesmo, empurram e às vezes deixam o lugar reservado vago, só pra não terem que levantar caso alguém chegue pra sentar no que é seu direito.
Gente, eu to falando de pessoas que acham que fazem o bastante não sentando nos lugares reservados! Isso não tem sentido!

Sei que isso não é muito, mas observem nos seus cotidianos, seus metrôs, seus ônibus, suas filas de banco quantas vezes o nosso subconsciente fala: “Eu é que não vou deixar ele(a) passar na minha frente(sentar no meu lugar)!”.

E isso é tão pequeno. Tão pouco.

Que o exemplo de Gentileza sirva pra envergonhar-nos.

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